Eu amei morar em Berlim. De verdade. Fui mega feliz lá. Mas, confesso, sempre comentei que sentia falta de montanhas. A região inteira é plana sem fim!
Dito isso, não é difícil imaginar qual é uma das minhas grandes paixões aqui na Baviera: os Alpes. Aqueles mesmos, que muitos associam a lindas imagens com neve e a estações de esqui, oferecem paisagens que poderiam virar pinturas também nas demais estações do ano.
Durante nossas férias em Balkonia, passamos um dia por lá. A região oferece inúmeras possibilidades, entre passeios de trem e bondinho, caminhadas leves ou mem tanto, até escaladas de todos os níveis para os mais radicais. De Munique para lá, leva-se aproximadamente uma hora de carro ou uma hora e vinte de trem. Este post explica alguns detalhes sobre o que se pode fazer por lá no verão.
Informações gerais:
Para chegar aos pés dos Alpes do lado bávaro, deve-se seguir até uma estação chamada Garmisch-Patenkirchen. Há trens saindo de Munique de hora em hora até lá, onde deve-se pegar um segundo trem até o destino desejado nos pés das montanhas (falo sobre eles mais à frente), e o percurso demora cerca de uma hora e meia. De carro leva-se cerca de uma hora, em uma das estradas mais lindas que já vi na vida. E o estacionamento na base do teleférico é gratuito.
O pico mais alto da Alemanha se chama Zugspitze, com 2962 metros de altitude, localizado na fronteira com a Áustria. Na mesma região encontra-se o Alpspitze, com 2628 metros e também considerado um dos mais altos da Alemanha. Ambos são os principaos picos da região. Entre o Zugspitze e o Alpspitze existe uma espécie de “platô inclinado”, enorme, que se torna uma grande área para esqui no inverno. O mesmo acontece na base do Alpspitze. Há ainda inúmeros outros picos e vales na região. No verão, muitas possibilidades de trilhas e rotas de escalada.
Eu vou falar bastante nestes dois picos ao longo deste texto, portanto já pode guardar estes nomes desde já: o Zugspitze é o pico mais alto da Alemanha, seu vizinho Alspitze é só um pouco menos alto. Gravaram? De novo: Zugspitze é o mais alto, Alpspitze logo ali e menos alto.
Para pouco afeitos a esporte
Não está em forma? Não tem paciência para longas caminhadas? Escalar não é com você? Não tem problema! Ao Zugspitze você pode subir direto de Zahnradbahn. Trata-se de um trem que leva você direto até o topo da Alemanha, com direito a trecho inclinado montanha acima.
Ainda praqueles lados, você pode subir de teleférico – o Eibsee Seilbahn – até o Eibsee, um lago no meio da subida, a 973 metros de altitude. Para o Alpspitze, suba de teleférico para a estação Alpspitzbahn.
Há ainda outras opções de teleféricos, mas estas são as principais opções. Entretanto, vale ressaltar que o teleférico do Alpspitze, ao contrário do trem que leva você até o topo o Zugspitze, não leva você até o topo do Alpspitze, e sim a uma base. Para subir ao topo é preciso seguir uma das trilhas de caminhada ou rotas de escalada.
Em todos os destinos citados acima você encontra a famigerada infraestrutura. Banheiros, um restaurante, um mirante e coisas do gênero. Os teleféricos e o Zahnradbahn são, portanto, boas opções para quem quer subir, curtir a vista e o ar das montanhas e tomar uma boa cerveja bávara. O Eibsee, assim como a maioria (ou talvez todos) dos lagos da região, é de águas limpinhas e muito apropriadas ao banho.
Eibsee. Foto: Seen.de
Para os caminhantes
Há trilhas de diversos níveis de dificuldade na região. Falei acima de trens e teleféricos, mas se você tiver tempo e boa forma, pode subir da base ao Zugspitze a pé. Porém, para tal empreitada, é preciso planejamento, eventualmente acampamento (no Eibsee há alguns campings) e, de preferência, subir no alto verão, quando o sol cai às 22 horas.
Você também pode optar por trilhas médias, como fizemos. Nós subimos de teleférico até a estação de Alpspitze e caminhamos por uma trilha até a estação de Kreuzeck, percurso que durou cerca de duas horas, em descida a maior parte do tempo. Há caminhadas mais pesadas, caminhadas combinadas com escaladas, entre estações ou até o topo de algum dos picos.
Em todos os casos, é altamente recomendável chegar o mais cedo possível ao local. Mais cedo mesmo, saia de Munique às seis da manhã, por exemplo. As estações dos teleféricos tem mapas das trilhas disponíveis em diversos idiomas, gratuitamente, com descrições e informações como nível de dificuldade e tempo necessário. Há ainda um painel em diversos lugares na base com informações sobre as trilhas. É importante também checar esses paineis ao chegar, pois eles também informam que trilhas estão abertas ou não.
Em nossa próxima ida aos Alpes, queremos fazer a trilha do Höllentalklamm, que passa por dentro de uma floresta, com direito a paisagens lindas e pequenas cachoeiras, seguindo pelo vale que leva à base do Zugspitze. Não pretendemos subir a partir daí, mas quem escala e “se garante” pode seguir parede acima até o cume. Faremos isso quando estivermos em forma na escalada!
Para escaladores
Eu estou fora de forma quando o assunto é escalada. Mas já escalei por lá no verão de 2008. Há os chamados Klettergarten, ou parques de escalada, com diversas rotas de diferentes níveis de dificuldade. Eu escalei no Klettergarten do Alpspitze, na época eu escalava rotas de nível intermediário a avançado. Não me garanti para um cume, e nem tinha disponível o tempo que tais rotas exigem. Mas me diverti um bocado por um longo dia.
Como mencionei acima, há uma rota a partir do vale Höllentalklamm que vai até o Zugspitze, além de uma que vai da estação do Alpspitze até o cume de mesmo nome (Alspitze Ferrata). Certamente há ainda muitas outras opções, mas essas foram as que me deram mais vontade de subir. Encontrei algumas informações sobre essas duas rotas aqui e aqui (em inglês). É possível contratar guias para elas, com equipamento incluido no preço, mas adianto que os valores são salgados. E eu infelizmente perdi os folhetos que peguei lá com informações a respeito.
Para todo mundo
A melhor fonte de informações para todo mundo antes de subir é o site do Zuspitze (http://zugspitze.de). Tem informações sobre trilhas, previsão do tempo, fotos da webcam em tempo real, preços e informações sobre os trens e teleféricos e todas as informações mínimas necessárias antes de subir.
Os preços dos teleféricos são meio salgados: 24 Euros por pessoa no pacote padrão para subir e descer. O ideal para economizar é planejar o que vai fazer com antecedência e ir em grupo. Há algumas opções de tickets-família, vale a pena conferir no mesmo link que citei acima.
Se quiserem arriscar uma trilha no inverno, ou mesmo no outono, preparem-se muito bem para o frio. Calçados de trilha e agasalhos adequados são obrigatórios. Vale lembrar que nem todas as trilhas permanecem liberadas nestas épocas do ano.
Para quem vai de trem, saindo de Munique: aproveitem o Bayern ticket! Ele vale para um grupo de até cinco pessoas para quantas viagens você quiser dentro da Baviera, pela bagatela de 29 euros. De segunda a sexta o horário de validade dele é de 9 da manhã até 6 da manhã do dia seguinte. Em fins de semana ele já começa a valer a partir de 6 horas da manhã, se não me engano. A dica vale para qualquer passeio dentro da Baviera. Informações sobre horários de trem no site da Bahn, clicando aqui. Ou diretamente na estação de trem, a Hauptbahnhof.
No mais, digo a vocês: as paisagens por lá são verdadeiras pinturas em qualquer época do ano.
ps. as fotos sem legenda são do nosso arquivo pessoal.