O mundo compactado em uma sala

Hoje Jane observou um fato curioso: eu me refiro aos colegas do curso de alemão mencionando suas nacionalidades, e não seus nomes!

E não tenho dúvidas que assim o faço devido à grande novidade que é para mim ter uma convivência diária (ainda que sem nenhuma intimidade e por tempo limitado) com pessoas de tantos países diferentes. Só para se ter uma ideia, citando apenas os que me lembro agora, o curso é frequentado por um australiano, um malaio, um espanhol, um guatemalteco, uma sul-coreana, duas ou três japonesas, uma neo-zelandesa, duas americanas, um canadense, um sírio, uma palestina, um sérvio, um tunisiano, duas gregas, uma turca, um búlgaro, um polonês, uma sul-africana, uma saudita, uma húngara, uma italiana e um outro brasileiro além de mim. E isso tudo só nos poucos metros quadrados ocupados pela turma em que estou. Porque jogando futebol eu já conheci também um suíço, um iraniano, um panamenho, um indiano, um russo e mais alguns que nem mesmo sei de onde vieram.

Ter contato com pessoas de tantos países atiça minha curiosidade sobre o que cada um tem a dizer sobre o seu país, sua cultura, e também sobre suas impressões da Alemanha. Há de ser considerado também o fato de que sempre fui afixionado por geografia, em especial por denominações de nacionalidade, bandeiras, localização, capitais, história e características geográficas e culturais mais marcantes de todos os países do mundo, a ponto de decorar essas informações a respeito de dezenas e mais dezenas deles. Juntem uma coisa com a outro e pronto: me sinto como num parque de diversões!

A empolgação só não é maior porque o nível de conversação ainda é baixo, o que inviabiliza conversas aprofundadas como, por exemplo, a respeito de política mundial, diferenças culturais ou vida profissional. Mas mesmo assim há uma tendência comum de tentar se comunicar com mais profundidade, e na língua que estamos ali para aprender, ou seja, o alemão. Ainda que seja possível se entender em outra língua. Exemplo disso é que eu, o espanhol e o guatemalteco podemos nos entender razoavelmente bem falando espanhol e português, mas ainda assim nós só travamos conversas em alemão (ok, quando surge alguma dúvida a gente recorre às nossas “Muttersprachen”, mas só para esclarecer uma palavra ou outra). O canadense é outro que, por ser filho de um português e saber falar a nossa língua, poderia se comunicar comigo nela, mas ambos nos inclinamos de forma espontânea a conversar sempre em alemão.

Estão vendo? Aqui estou novamente me referindo aos colegas de curso não por seus nomes, e sim pelas suas nacionalidades! Parece até que vejo a bandeira do país de cada um deles colada em suas respectivas testas. Que assim seja! E tomara que eu tenha a oportunidade de conhecer outros países diferentes… quer dizer… outras pessoas de países diferentes!

3 pensamentos sobre “O mundo compactado em uma sala

  1. Legal, Rafa! Eu tô precisando fazer um novo curso de alemão também. Não me lembro se nos dois cursos que fiz aqui na Alemanha eu falava dos outros com suas nacionalidades, acho que eu misturava, porque a maioria da minha turma era de Israel, aí eu falava deles pelo nome, mas a russa e a italiana e o espanhol eram com as nacionalidades. 😉

  2. Olá Jane e Rafa,
    Também passei por experiência semelhante e via, ao invés de pessoas, seus países. Com o tempo aprendi a separar o humano de suas raízes, embora seja confortável e caricato manter as primeiras impressões.
    Que o curso seja frutífero em vários tipos de aprendizado!
    Abs
    Márcia

  3. Ai, Rafa, tive as mesmas sensações que vc na minha época (como se já fossem longos atrás. rsrs) e fazia a mesma coisa, sempre me referia às nacionalidades. O que eu acho ainda melhor desse mundao todo num lugar só é passear durante o verao nas ruas de Berlin (acho que por aí será igual) e ouvir várias línguas e vários estilos e culturas diferentes no mesmo lugar, no mesmo restaurante… é bem bacana sentir que o mundo nao é tao pequeno assim. 😉

    Bjs!

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