Selbstumzug

Jane – “Olha, Amor, recebi um retorno de uma firma de mudança mais barata. Caminhão, carregadores, montagem e desmontagem, o pacote sai por 850 Euros. O que você acha?”

Eu – “Humm… quanto fica mesmo o aluguel da van?”

Jane – “420… mas tem também o combustível…”

Eu – “Humm… combustível… é diesel… deve dar uns 150 Euros… mais os quilômetros excedentes… deve sair entre 600 e 700 Euros, não acha?”

Jane – “É… acho que sim…”

Um olha para o outro com aquela cara de quem já leu o pensamento.

Eu – “Nããããããããão… rs… vamos alugar o carro e fazer a mudança toda nós mesmos… eu quero essa experiência!!!”

Jane – “Ahááá, eu sabia que você ia preferir isso!” (e o sorrisão travado na minha direção)

Assim foi decidido. E lá estávamos nós organizando como seria a nossa “mudança self-service”. Ou, como provavelmente se diria essa expressão em alemão, nossa “Selbstumzug”.

Primeiro analisamos as opções de automóveis. Deveria ser grande o suficiente para nossos móveis, mas limitado ao tamanho de automóvel que a minha classe de habilitação permite dirigir. A sugestão da locadora para uma residência de 2 a 3 cômodos – nosso caso – era uma estilo Sprinter, de carga, com aproximadamente 15 m³ de capacidade. E lá fomos nós medir os móveis!

Eu – “Olha, sem contar a árvore e tudo o que vamos encaixotar, não chegou a 8 m³. O carro tem que dar… não é possível que não dê…”

Jane – “Também acho… então é esse mesmo… posso fechar?”

Eu – “Pode!”

Junto com o aluguel do carro, encomendamos cobertores de proteção para móveis, caixas próprias para mudança e fitas com fivelas para fixar os móveis e caixas dentro do carro.

Encaixotar miudezas, desmontar um ou outro móvel… até aí nada de novo. Mas arrumar tudo dentro do carro e dirigir você mesmo cerca de 580 Km carregando a sua própria casa inteira nas costas, no sentido mais real que essa expressão pode ter para brasileiros, é uma experiência antológica e inesquecível.

Tudo bem, como tivemos que fazer a mudança numa sexta-feira, e a ajuda de amigos para carregar móveis seria inviável num dia útil, contratamos duas pessoas para ajudar nisso, mas foi só. E eles apenas ajudaram a carregar e arrumar os móveis dentro do carro, ou seja, o que levaríamos provavelmente umas cinco ou seis horas para concluir, com essa ajuda levou apenas duas.

No meio do caminho, quando paramos para almoçar, olhei para o carro e soltei essa pra Jane: “Amor… nossa casa IN-TEI-RA está ali dentro daquele carro!”

A sensação não cabe em palavras, por mais que eu tente fazê-lo aqui. Você e suas coisas, a responsabilidade de tudo, do destino de TODOS os seus pertences, dependendo só de você e de sua habilidade, e não de terceiros. Isso sem contar a força que isso dá à cumplicidade de um casal.

Foi cansativo? Sim. E bastante. Foi mais barato? Sim. Mas não muito. Foi gratificante? Sim. TOTALMENTE!

O que nos fez escolher o aluguel da van não foi o fato de sair mais barato. Foi justamente a certeza de que seria uma experiência a se guardar na memória para o resto de nossas vidas, e contar essa história para parentes e amigos e, futuramente, para nossos filhos e netos. Isso não se mede, não se pesa, não se compara. Experiência de vida não tem preço. E uma vez adquirida, não se perde nunca.

Valeu a pena. Mesmo!